Grasielli Peres - @MinhaVidaSuperandoCâncer

Sou Grasielli Peres formada em pedagogia. Atuava como professora de educação infantil, mas desde o diagnóstico estou afastada para viver minha de Paciente. Descobri meu primeiro diagnóstico aos 33 anos de idade em 2011. Na época o Vitor, meu filho, tinha 4 anos de idade e meu maior medo era deixá-lo sozinho e não poder vê-lo crescer. Quando eu recebi meu diagnóstico foi um choque porque pelas informações da época, um Câncer de Mama localmente avançado, só se falava de uma pequena sobrevida de 6 meses. O impacto foi muito forte, era desesperador para uma mãe pensar em morte e como deixar uma criança órfã de mãe. Na época minha maior preocupação era essa, então precisava tentar fazer os meus últimos dias que me restavam os melhores da minha vida e com isso resolvi me dividir em Paciente Oncológica e a mãe de um menino lindo. Meu tumor era her 2+ e para época era os mais agressivos com poucas possibilidades de sobrevida. Já estava localmente avançado e com 7 cm, e lidar com essa informação era desesperador. Na época, as informações eram poucas e o medo de morte e de passar pelo tratamento eram os meus maiores desafios. Fiz o protocolo completo, quimio, cirurgia sem reconstrução imediata, quimioterapia complementar, radio e imunoterapia. Após 18 longos meses de medicamento tive que me preparar para a reconstrução do grande dorsal que seria uma cirurgia extensa e desafiadora. Em 2011 eu tive pouco acesso à boas informações para buscar um lugar seguro para me encorajar. Tive a sorte de encontrar em meu caminho alguns multi profissionais que me alimentaram com boas informações e me passaram clareza de cada processo. Fui buscar apoios paralelos para me reabilitar e alimentar-me de boas informações. Em 2014 me preparei para fazer a histerectomia radical pois estava tendo alteração no endométrio e por cautela achamos necessário fazer a cirurgia de retirada. Após a recuperação e pensando na possibilidade de encaminhar para o fim de tratamento, descobrimos sintomas que me levaram a investigar uma possível metastase pulmonar que foi confirmada em julho de 2015. Ali meu chão se abriu novamente e o desespero tomou conta de mim. Se a morte não aconteceu lá em 2011 no Câncer primário, com certeza chegaria agora com a metastase pulmonar, e novamente o medo tomou conta e o medo do desconhecido tomou conta da minha vida. Foi nesse momento que busquei inspirações e possibilidades de viver além do Câncer, de viver mesmo com sequelas, de viver mesmo sendo metastástico e aí percebi a carência novamente das informações com qualidade e de saber quais as minhas possibilidades. Passei novamente pelo segundo tratamento e descobri que a vida deve ser vivida mesmo apesar do diagnóstico. E com isso, resolvi compartilhar a minha história, as minhas experiências para poder inspirar mulheres a não serem paralisadas pelo medo e que podemos viver muito além do diagnóstico. Eu tive uma super rede de apoio, que me acolheu, entendeu as minhas dores e necessidades e isso foram essenciais para chegar até aqui. Amigos foram se afastando porque a minha vida não fazia mais sentido para eles e nem para mim, porém tenho uma super amiga que foi essencial ter ela ao meu lado mostrando que eu sou muita mais que um câncer. Com ela eu vivo minha vida sendo Grasielli Peres, mãe do Vitor que hoje tem 16 anos e esposa do Luciano há mais de 19 anos e descobrimos que somos muito a mais que um corpo modificado, cheio de cicatriz. E nós resolvemos viver a vida no hoje, com poucos planos para futuro longos, mas vibrando com cada conquista.

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